O termo se popularizou nos anos 1980 nos Estados Unidos, em um movimento por justiça climática que teve como epicentro protestos de moradores de Warren County, na Carolina do Norte, expostos à presença de poluentes em um aterro sanitário. Líder dos direitos civis e ativista ambiental, Benjamin Chavis foi voz ativa na difusão da expressão “racismo ambiental” ao descrever a ação do governo estadual de direcionar resíduos tóxicos para comunidades predominantemente negras.

 

 

A discussão sobre o tema parte do princípio de que os prejuízos da crise climática são desiguais entre diferentes grupos étnicos e populações, sejam elas urbanas, rurais ou isoladas. Ingerir água contaminada por mercúrio ou escorregar em um bueiro na enchente são exemplos disso — e não é por coincidência ou acaso histórico que populações negras e pardas sejam as mais afetadas pelo crescimento urbano desordenado ou que comunidades quilombolas e aldeias indígenas se tornem alvo fácil de grilagem e de ameaças em seus territórios.

 

Uma catástrofe que pode ser interpretada como caso de racismo ambiental é a crise humanitária dos Yanomami, vítimas do desmonte de políticas públicas ambientais e indigenistas associadas à pandemia da Covid-19. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em janeiro de 2023 que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue suspeitas de práticas de genocídio cometidas por autoridades do governo Bolsonaro contra oito povos da chamada Amazônia Legal nos estados do Amazonas e de Roraima. O portal Sumaúma noticiou que 570 crianças de até cinco anos morreram por causas evitáveis entre 2019 e 2022 na terra indígena, de fome, desnutrição ou por contaminação de mercúrio.

 

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