Relatório da ONU Mulheres intitulado “Justiça Climática Feminista: um modelo para ação” sugere alternativas de combate à crise climática a partir de uma perspectiva feminista. O documento mostra como os impactos ambientais são desproporcionalmente maiores sobre mulheres e meninas e aponta uma visão interseccional, que considere a equidade de gênero.
Mulheres geralmente assumem responsabilidades desproporcionais de cuidado, têm menos recursos financeiros e níveis mais baixos de alfabetização e de acesso à tecnologia, enquanto meninas têm mais probabilidade de abandonar a escola em áreas atingidas pela seca, por exemplo. O documento aponta que esses e outros efeitos colaterais da crise climática, como conflitos e migração, devem levar mais de 158 milhões de mulheres e meninas à pobreza até 2050.
Feminist Global Advocacy for Climate Justice, de 2020, com a história de defensoras feministas que trabalham para exigir justiça climática global
O artigo descreve como alcançar a justiça climática por meio de quatro dimensões — reconhecimento, redistribuição representação e reparação — e fornece orientações práticas sobre como os países podem fazer a transição para economias de baixo carbono levando em conta conceitos como o da interseccionalidade.
Na dimensão da reparação, por exemplo, o relatório recomenda que os compromissos dos países ricos devem focar em países sob maior risco, citando como exemplo a dívida climática e o fato de que desde 1850 os países do Norte global foram responsáveis por 92% das emissões excessivas do mundo. O relatório convoca a parcela mais rica do mundo a financiar programas climáticos e a garantir que os fundos cheguem aos países mais vulneráveis.